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Seminários destacam a viabilidade do plantio de eucalipto nas regiões Sudoeste e Oeste do Paraná

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O projeto Bioeste Florestas realizou três seminários de 22 a 24/10 para um público diferente do habitual do projeto: alunos de graduação e pós-graduação das regiões Oeste e Sudoeste do Paraná. O objetivo foi levar a estes profissionais em formação as ações do projeto e discutir aspectos que afetam a viabilidade da cadeia produtiva de eucalipto como matéria-prima para geração de energia. Além destes públicos, também participaram professores, produtores rurais e técnicos de cooperativas.

Os eventos aconteceram em Dois Vizinhos, Cascavel e Palotina, totalizando cerca de 300 participantes. Em Dois Vizinhos, o seminário foi realizado dentro do Congresso de Ciência e Tecnologia promovido pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Em Cascavel, o evento foi dirigido a mestrandos e doutorandos do programa de pós graduação em Engenharia de Energia na Agricultura da Unioeste. Em Palotina, alunos de graduação em Agronomia da Universidade Federal do Paraná.

Segundo João Bosco Vasconcelos Gomes, pesquisador da Embrapa Florestas e coordenador do projeto, “muitos destes alunos vão trabalhar aqui mesmo nestas regiões, então é importante que eles entendam o mercado de biomassa de madeira, percebam como é estratégico e como é importante o papel deles na profissionalização dessa cadeia produtiva ”.

Para isso, os palestrantes trabalharam com a contextualização do setor de base florestal nas duas regiões onde os seminários foram realizados, abordando análise de mercado, oportunidades profissionais e aptidão das terras (clima e solo) para o plantio de eucalipto.

Uma das principais questões levantadas, em especial para o Oeste do Paraná, é como destinar terras para cultivo do eucalipto em uma região tradicional e com alto potencial para cultivo de grãos e proteína animal. “Esse é um grande desafio”, analisa Giordano Corradi, engenheiro florestal que trabalha na região há mais de dez anos e bolsista do projeto Bioeste Florestas. “Não tem com escapar, as cadeias produtivas de grãos e proteína animal precisam da energia produzida pela biomassa florestal seja para secagem de grãos, caldeiras das agroindústrias, aquecimento de aviários e outras atividades do agronegócio”, explica. “Aliado a isso, o custo do frete torna inviável a busca da biomassa florestal em regiões mais distantes. Se considerarmos um crescimento, já previsto, do parque agroindustrial regional, logo poderemos ter um vazio de oferta, lembrando que o ciclo do eucalipto para biomassa é de 6 a 7 anos”, alerta.

O pesquisador José Mauro Moreira, da Embrapa Florestas, ressaltou que, mesmo havendo uma demanda latente, é necessário que o interessado em cultivo florestal invista tempo em planejamento, além de aportar conhecimento e tecnologia. “O conceito de plantar florestas como uma ‘poupança verde’ está errado. O plantio florestal deve ser entendido como um ativo biológico, com planejamento, acompanhamento, intervenções pautadas na ciência florestal, atenção às oportunidades, entre outras questões importantes”, alerta. “Ou seja, não é algo que a gente planta e esquece”, pondera.

O Projeto Bioeste Florestas atua na região Oeste do Paraná em três linhas de ação principais: o planejamento da cadeia produtiva (mercado, logística, oferta ambiental de solos e clima e aptidão das terras); a silvicultura do eucalipto (por meio de pesquisas em campo, com testes de materiais genéticos, espaçamentos, adubação química e com dejetos animais, Integração Lavoura-Pecuária-Floresta); e a transferência de conhecimento e tecnologias

As condições de clima e solo são fundamentais para identificar regiões com aptidão para o plantio e isso foi ressaltado aos participantes dos seminários. O pesquisador Marcos Wrege, da Embrapa Florestas, mostrou os mapeamentos que zonearam os riscos climáticos para diferentes espécies de eucalipto na região Oeste do Paraná. “A ideia é definir as zonas com baixos riscos de geadas e de déficit hídrico para, com isso, identificar as melhores regiões para plantio de diferentes espécies de eucalipto”, explicou. “O segredo está na definição do melhor material genético para cada região”, orientou. Aliando os dados de clima aos dados de solos, o pesquisador João Bosco Gomes apresentou a metodologia produzida pela equipe do projeto e o mapa de aptidão das terras para o cultivo de eucalipto na região Oeste do Paraná. “Esse mapa qualifica e quantifica as terras da região para o cultivo do eucalipto. Sua escala é condizente com o planejamento regional. Evidente que as terras de maior potencial competem com o cultivo industrial de grãos. Mas também existem terras de menor potencial, principalmente aquelas com fortes restrições à mecanização, que podem ajudar a aumentar a oferta de florestas de eucalipto, sem concorrer de forma direta com o cultivo das demais commodities”, ressaltou, “sempre lembrando da importância do planejamento e do aporte da ciência para sucesso do empreendimento”, completou.

O pesquisador Edilson Batista de Oliveira abordou outras possibilidades dentro da silvicultura, como sequestro de carbono, integração lavoura-pecuária-floresta, produtos não-madeireiros e cultivo de outras espécies florestais. O uso de softwares para apoio ao manejo florestal também foi abordado. “Temos hoje, à disposição dos interessados, softwares de simulação de manejo florestal, para diversas espécies, e de planejamento econômico. São ferramentas importantes para quem deseja investir em plantios florestais”, explicou.

O projeto Bioeste Florestas
O projeto foi criado para dar bases mais sólidas ao plantio de árvores para a produção de energia no Oeste do Paraná. A região tem importância estratégica na produção de grãos e de proteína animal. Estas cadeias produtivas necessitam de biomassa florestal para energia térmica, seja na secagem de grãos, nas caldeiras das agroindústrias, no aquecimento de aviários ou em outras atividades do agronegócio. Essa demanda por biomassa de madeira contrasta com a baixa tradição da região em plantios florestais com fins produtivos e ganha importância com o déficit dessa biomassa, que aumenta na mesma medida do crescimento do setor agroindustrial local. O projeto é uma parceria entre Itaipu Binacional, CIBiogás e Embrapa Florestas, com apoio da C.Vale e de outros parceiros locais.

 

Fonte: Katia Pichelli – Embrapa Florestas