Sala de Imprensa

Maior publicação sobre ILPF é lançada no Brasil

Nas mais de 800 páginas, o leitor fará uma imersão nos conceitos dos sistemas de integração
Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on telegram

A Embrapa disponibiliza a partir desta terça-feira, 1º de outubro, gratuitamente, o e-book “ILPF – inovação com integração de lavoura, pecuária e floresta”. A obra editada pelos pesquisadores Davi José Bungenstab, Roberto Giolo, Valdemir Laura, Luiz Carlos Balbino e André Dominghetti é a maior sobre o tema voltada à agricultura tropical. Ela conta com 50 capítulos, 170 autores (nacionais e internacionais), de instituições públicas e privadas, e em quase 900 páginas reúne o que há de mais atual em relação aos sistemas integrados de produção, de forma objetiva e abrangente.

“Procuramos apresentar um panorama para as condições brasileiras e iniciativas internacionais relacionadas. A iniciativa nacional de incentivo aos sistemas de integração só é possível neste País, com maior eficiência de uso da terra e de recursos, e com a possibilidade de produzir até três safras ao ano”, afirma Roberto Giolo, um dos editores técnicos. A Empresa brasileira, por sua vez, é uma das pioneiras na tecnologia de sistemas integrados, sendo que o contexto de sustentabilidade agropecuária sempre esteve no escopo de seus projetos em quatro décadas. “Muitas vezes isolado, mas aos poucos se percebeu que esse contexto holístico é cada vez  mais necessário e, gradativamente, alinhamos tantas tecnologias a essa visão”, complementa Balbino, pesquisador com 25 anos de experiência no assunto.

O esforço dos especialistas é uma prova de que a agricultura tem que se adaptar aos territórios, as adversidades climáticas, geográficas, sociais, gerar qualidade de vida, suprir necessidades nutricionais e ofertar experiência tanto pelo aspecto alimentar quanto pelo prazer do alimento. “Mas, sobretudo promover sustentabilidade: poupando terra, estocando carbono, conservando e produzindo água e ofertando serviços ambientais e os sistemas integrados possuem tais características e contribuem com benefícios para além da produtividade e da produção”, enfatiza o diretor de Inovação e Tecnologia da Embrapa, Cleber Oliveira Soares. Ele reforça que a sustentabilidade será a moeda do futuro e as instituições serão cobradas pelo consumidor e pela sociedade em gerar ativos tecnológicos sustentáveis.

Secretário de Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação do Ministério da Agricultura, Pecuária de Abastecimento (MAPA), Fernando Silveira Camargo frisa ainda que o desenvolvimento tecnológico depende da inovação e essa, para ser efetiva e duradoura, precisa ser embasada em conhecimento sólido e comprovado. Para Camargo, a publicação além de estar nesse contexto, demonstra o esforço contínuo e conjunto dos cientistas.

Publicação
A primeira versão do livro foi em 2011. Devido à procura, a segunda edição ampliada já foi lançada em 2012 e, em 2014, chegou a versão em inglês. Nas mais de 800 páginas, o leitor fará uma imersão nos conceitos dos sistemas de integração, com os recentes resultados de pesquisa, obtidos em experimentos a campo.

A primeira parte do livro levanta temas estratégicos sobre o agronegócio, a contribuição para a neutralização de carbono, a intensificação e o papel dos sistemas integrados. A segunda engloba os diversos componentes do sistema e seus impactos na melhoria do processo produtivo. “É uma abordagem prática, que vai de instruções de como estabelecer árvores a sugestão de métodos para realizar a análise financeira e planejamento de fluxo de caixa”, observa o editor Davi Bungenstab.

Já a terceira parte apresenta os sistemas nos principais Biomas brasileiros, com casos de sucesso e participação de produtores rurais inovadores, de todas as escalas de produção. Por fim, o último bloco traz o potencial desses modelos na África, na Europa e América do Sul.

Entre produção, edição e finalização, foram doze meses de dedicação, que envolveram as equipes da Embrapa Gado de Corte (Campo Grande-MS), Acre (Rio Branco-AC) e Amazônia Oriental (Belém-PA).

Balbino lembra que para ampliar a adoção dessas tecnologias as parcerias público-privada e público-pública, como universidades e órgãos estaduais de pesquisa, são fundamentais. A publicação, em si, traz isso como pode ser utilizada em capacitações. Ela agregou especialistas de entidades como Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais, Universidade Federal da Grande Dourados (MS), Universidade Estadual de Goiás, Universidade Federal de Viçosa, Universidade de Boston (EUA), Universidade de Hohenheim (Alemanha), Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR), Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Humboldt-Universität zu Berlin (Alemanha), Universidade de Extremadura (Espanha), Integrated Crop-Livestock Systems Network of the Global Research Alliance, Faculdade de Ciências Agronômicas (Unesp-SP), dentre outras.

“Trabalhar a adoção passa por fazer a tecnologia conhecida e vale ressaltar que esta não é a versão final do livro, ainda temos resultados a trazer nos próximos anos”, assinala o engenheiro agrônomo.

Destaques

Ao trazer para as páginas do E-book os modelos de outros países, os autores querem abrir o setor produtivo e a pesquisa às oportunidades existentes. Na Península Ibérica, por exemplo, as alterações climáticas afetarão tanto os sistemas florestais como agrícolas é o que afirma a pesquisadora do Instituto Politécnico de Bragança (Portugal), Marina Castro. Sendo assim, a implementação dos sistemas de integração, conhecido há mais de 20 anos na região, “otimizará o uso de recursos, tornando-se uma ferramenta eficiente e inovadora devido ao conjunto de respostas associadas à sustentabilidade que permite”.

A zootecnista comenta que os países mediterrâneos encaram os incêndios florestais com certa frequência, por razões naturais, como presença de vegetação inflamável; socioeconômicas, como o êxodo rural; e as mudanças climáticas, propriamente ditas. Os modelos integrados tendem a reduzir a combustão e para ela é preciso mostrar aos produtores florestais que o pastoreio de seus bosques é positivo, pois reduz riscos e ameaças ao rendimento da atividade. Entretanto, de acordo com Rosa Mosquera, professora da Universidade de Santiago de Compostela e ex-presidente da Federação Europeia de Sistemas Agroflorestais, a adoção não é fácil. Pesquisa da AFINET (Agroforestry Innovation Network), com mais de 300 agricultores em toda Europa, revelou que os maiores obstáculos para a implantação, segundo eles, são recursos financeiros, políticas públicas, capacitação e suporte técnico.

Já a Colômbia, com grande variedade de zonas climáticas, tem investido nos últimos anos nos sistemas silvipastoris para pecuária de corte e/ou leiteira, segundo o pesquisador Luis Alfonso Valderrama da Universidade Nacional da Colômbia. Apesar da carência de informações técnicas de longo prazo, o zootecnista acredita que os estudos recentes permitirão aumentar e melhorar o conhecimento sobre as interações entre os componentes arbóreo-pastagem-solo-animal.

Outro destaque na obra é em relação à dinâmica da água. Avaliações nos campos experimentais da Embrapa em Campo Grande (MS) tiveram como objetivo analisar a dinâmica espacial e temporal da água no solo de um sistema de ILPF de 7-8 anos. O sistema estudado mostrou sazonalidade distinta induzida pelas estações seca e chuvosa e a equipe da Universidade de Hohenheim (Alemanha) frisa que o trabalho mostrou a complexidade da atividade, o que exigirá análises profundas para se obter um cenário dessa dinâmica e preencher lacunas ainda existentes.

Por último, a obra mostra a ascensão de marcas-conceito, como Carne Carbono Neutro (CCN), que futuramente se tornará Plataforma de Pecuária de Baixo Carbono. Os protocolos de certificação brasileiros, ativos desses conceitos, se tornarão marca registrada do produto nacional.

Acesso

E-book “LPF – inovação com integração de lavoura, pecuária e floresta” disponível para download aqui.

 

Fonte: Gabriel Faria – Embrapa Agrossilvipastoril