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Fortalecimento da indústria de base florestal é fundamental para cumprimento de metas do Acordo de Paris

Consciente do papel das florestas a respeito das mudanças climáticas, setor eleva produtividade, reduz desperdícios e valoriza produtos madeireiros no mercado internacional. Segmento também preocupa-se com a redução de resíduos. Confira na nona e última reportagem do especial Indústria Sustentável
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O fortalecimento da indústria de base florestal é um importante caminho para ajudar o país a cumprir o compromisso assumido no Acordo de Paris, que prevê a redução das emissões de gases de efeito estufa. O Brasil se comprometeu a reduzir suas emissões de gases de efeito estufa em 37% abaixo dos níveis de 2005, até 2025. Uma das medidas propostas para o alcance dessa meta é a restauração e reflorestamento de 12 milhões de hectares de florestas até 2030, que só se viabilizará com a participação ativa do setor de base florestal.

Essa é a principal conclusão dos estudos Cadeia produtiva de florestas nativas, elaborado pelo Fórum Nacional de Atividades de Base Florestal (FNBF), e Florestas plantadas: oportunidades e desafios da indústria de base florestal no caminho da sustentabilidade, elaborado pela Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), que integram a série de 14 publicações setoriais apresentadas na sexta edição do CNI Sustentabilidade.

O segmento de florestas plantadas, por exemplo, exerce uma importante função na restauração de áreas degradas e na mitigação das mudanças climáticas. O Brasil destaca-se como o país que mais protege as áreas naturais, uma vez que, para cada hectare plantado com árvores para fins industriais, outro 0,7 hectare de mata nativa é preservado.

Para a presidente-executiva da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), Elizabeth de Carvalhaes, o setor tem papel fundamental na diminuição da pressão por desmatamento e na consolidação de padrões sustentáveis de consumo. “São 7,84 milhões de hectares de áreas plantadas, sendo 3,2 milhões certificados”, destaca Carvalhaes.

No caso de florestas plantadas, estima-se que as áreas de plantios florestais no Brasil são responsáveis pelo estoque de aproximadamente 1,7 bilhão de toneladas de dióxido de carbono equivalente por ano. Além disso, o setor gera e mantém reservas de carbono da ordem de 2,48 bilhões de toneladas de dióxido de carbono, equivalente a 5,6 milhões de hectares em áreas protegidas.

REDUÇÃO DE RESÍDUOS – A indústria de base florestal também tem feito esforços para reduzir a produção de resíduos. No caso da indústria de florestas plantadas, em 2016 foram geradas 47,8 milhões de toneladas de resíduos sólidos, dos quais 70,5% (33,7 milhões de toneladas) foram gerados pelas atividades florestais, enquanto 29,5% (14,1 milhões de toneladas) pelas indústrias. Na atividade florestal, 99,7% dos resíduos sólidos são mantidos em campo para proteção e fertilização do solo. Os demais 0,3% são encaminhados a aterros sanitários, com o objetivo de atender a critérios legais.

Já na indústria, 66% dos resíduos são destinados à geração de energia, por meio da queima em caldeiras, que geram vapor e, eventualmente, energia elétrica para o processo produtivo, eliminando o combustível fóssil; 25,5% são reutilizados como matéria-prima por outras empresas do setor; 5% são reutilizados para produção de cimento e óleo combustível; e os demais resíduos (3,5%) são encaminhados a aterros industriais, atendendo a critérios legais. O papel no Brasil possui recuperação de 64% do volume consumido, o que coloca o país como um dos principais recicladores mundiais do produto.

O documento, elaborado pela indústria florestal que trabalha com florestas nativas destaca que o segmento contribui para a conservação das florestas por meio do desenvolvimento do manejo florestal sustentável (PMS). O manejo extrai produtos da floresta de maneira que os impactos gerados sejam mínimos, possibilitando a manutenção da estrutura florestal e sua recuperação, por meio do estoque de plantas remanescentes. A técnica permite a manutenção da floresta em pé com contínua produção de madeira.

Em média, de quatro a seis árvores são retiradas por hectare de floresta e o retorno para a exploração da mesma área ocorrerá após um período de 25 a 35 anos, permitindo o crescimento das árvores remanescentes.

O principal setor atendido pelo segmento de florestas nativas é o de construção civil. No entanto, a madeira vem perdendo espaço nesse setor para outros materiais, alguns, inclusive, com aspecto amadeirado. De acordo com o estudo, um maior uso da madeira em obras poderia contribuir para redução das emissões de gases de efeito estufa pelo setor da construção. A CNI, a WWF e o FNBF vêm atuando em parceria para mostrar os benefícios e as possibilidades do uso da madeira em projetos arquitetônicos, utilizando tecnologias pouco conhecidas no Brasil, como o sistema construtivo Wood Frame, mas já largamente utilizada em outros países.