Sala de Imprensa

Elizabeth de Carvalhaes fala sobre importância do setor florestal para a economia brasileira

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on telegram

O repórter Marcos Paulo Lima, do jornal Correio Braziliense, foi a Brasília, a convite da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), e entrevistou a presidente executiva da entidade, Elizabeth de Carvalhaes. Confira abaixo:

 

Qual é o papel das florestas plantadas para fins industriais no Brasil?
As florestas plantadas existem em 10 países. O mais avançado é o Brasil. Do ponto de vista ambiental, elas são importantes, porque você tem preservação de árvores naturais. O Brasil produz a celulose mais sustentável do mundo, com clones muito desenvolvidos, que absorvem muito carbono. No Brasil, não existe nenhum papel fabricado a partir de uma árvore nativa. A outra qualidade é a certificação. Há regras difíceis de serem cumpridas e o Brasil tem um alto nível de reputação.

Como esse setor pode ajudar o Brasil a sair da crise?

Estamos conseguindo atravessar a crise sem grandes demissões graças à exportação. O nível de produção não caiu e 90% da celulose brasileira são exportadas. Hoje, a China é o país que mais cresce, e compra celulose do Brasil justamente porque ela é sustentável. Essa atividade vai se repetir se a gente olhar para os compromissos da Conferência do Clima. A meta do Brasil para reduzir todo o impacto diz que 14% virá das florestas.

Nosso código florestal é um dos mais rigorosos do mundo. O que falta para ser aplicado?
O Código Florestal é um mérito, porque o Brasil tem 800 milhões de hectares, grande uso da terra na agricultura, e 62% do território nacional formados por florestas. Houve contestações jurídicas, mas está sendo atualizado. Está implementado em muitas coisas, em outras, não.

O Código prevê a valoração dos serviços ambientais. Por que não sai do papel?
Isso é fundamental. Na nossa visão, o pequeno produtor recupera, por exemplo, as áreas que foram desmatadas. Qual é a maneira de estimulá-lo? Ele tem que receber por melhorar a terra, melhorar a água. Depois, o eucalipto que ele plantou vai sequestrar carbono e ele tem que receber por isso. Ele tirou carbono da atmosfera, que é a grande discussão depois do acordo do clima. Isso precisa ser regulamentado, 70% da nossa terra são do pequeno produtor.

E os títulos verdes, os Green Bonds. Como podem impulsionar o setor de árvores plantadas?
Se você conseguir emitir, já significa que o seu projeto é sustentável. As nossas empresas são totalmente preparadas para emitir o título verde. No ano passado, o país emitiu apenas R$ 3 milhões em Green Bonds. Duas empresas nossas, a Fibra e a Suzano, e outras duas de fora, ou seja, só quatro empresas no Brasil. Isso deve crescer. A dificuldade é o custo. Só vale a pena ser um emissor acima de R$ 500 milhões. Abaixo disso, o custo é alto. Estamos discutindo se podemos ter um banco captador. Emitir Green Bond é sinônimo de reputação. O papel da Ibá é criar uma classe de ativos de maneira que as empresas façam as suas emissões.

Pesticidas e transgenia foram discussões aqui na Assembleia Geral do Conselho de Manejo Florestal (FSC). Qual é a posição da Ibá nessas questões polêmicas?
As certificadoras têm resistência ao uso de pesticida, mas evoluímos bastante. Mostramos que proibir uso de pesticida e de herbicida na área florestal está para o uso da terra assim como proibir o uso de remédios para o ser humano. É a mesma relação. O que temos negociado com o FSC Internacional (Conselho de Manejo Florestal) é a avaliação de risco. Isso é um grande avanço. Não significa que está tudo liberado, mas é uma mudança de paradigma. A transgenia é utilizada praticamente no planeta inteiro na agricultura. Acho que não existe no planeta alguém que não vista uma camisa feita de algodão transgênico. Apesar disso, ela gera desconforto.

Nos próximos anos, serão necessários 250 milhões de hectares de árvores plantadas. Como o Brasil deve se posicionar neste novo cenário?

Hoje, o planeta tem 7 bilhões de seres humanos. Os estudos internacionais indicam que todas elas consomem 7,5 milhões de metros cúbicos de madeira. O planeta vai ter algo em torno de 9,4 bilhões de pessoas em 2050. Elas vão consumir 10 milhões de metros cúbicos de madeira. A demanda do clima é que você pare de consumir produtos de origem fóssil. Vai ter que aparecer no mercado algo para substituir. Os seres humanos serão educados a usar produtos de baixo carbono. Vai nascer a economia de baixo carbono, a necessidade de madeira como alternativa ao combustível fóssil. O mundo vai ter que plantar 250 milhões de hectares de floresta. É fazer outro planeta.