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Componentes: quais as oportunidades de negócios para a indústria da madeira?

Especialistas falaram sobre o cenário nacional e oportunidades de negócios durante evento promovido pelo Núcleo da Madeira
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Vantagens comparativas para o Brasil alavancar o segmento industrial madeireiro não faltam. Pelo menos essa é a avaliação do diretor-presidente da STCP Engenharia de Projetos, Ivan Tomaselli, que participou do evento Ideias Inovadoras para a Cadeia da Construção em Madeirapromovido pelo Núcleo da Madeira nesta segunda-feira (10), em São Paulo (SP).

Entre as vantagens indicadas pelo engenheiro florestal estão a oferta de madeira competitiva, base florestal altamente produtiva e sustentável, possibilidade de ampliar a oferta de madeira, diversidades de espécies, grande mercado nacional, indústria nacional de máquinas e equipamentos, capacidade de gestão e indústrias diversificada.

Para aproveitar esse cenário, segundo o especialista, é preciso investir em tecnologia e produtos inovadores por meio da cooperação entre academia e indústria com reorientação das pesquisas para atender a demanda do mercado. Além disso, seria necessário focar em processos para ganhar produtividade em mão de obra, energia, matéria-prima, insumos.

Tomaselli indicou ainda as oportunidades no desenvolvimento de produtos como mass timber (CLT, MLC e outros) com foco em sistemas para substituição de concreto e aço na construção civil e mitigação do impacto ambiental com redução do consumo de químicos. No entanto, na avaliação do diretor da STCP, a mudança virá com investimentos desde a base florestal, já que o primeiro processo de serraria ainda é muito arcaico no Brasil, de alto custo. “O Brasil teria capacidade de competir mundialmente na produção de CLT. Temos que aproveitar o mercado nacional e o déficit habitacional para introduzir o produto internamente”, afirmou.

De olho nessas oportunidades, a indústria de CLT Crosslam, localizada em Suzano, interior de São Paulo, aposta no crescimento da demanda nacional e nas características positivas do material.

José Alberto Filho, diretor da empresa, defende que o uso do CLT é uma oportunidade de mudança da matriz da construção civil no país. “É o único material de construção que necessita de sol para ser produzido e também o único que armazena carbono. 1m³ de madeira armazena 1 ton de CO2”, afirmou o empresário, que também participou do painel Componentes.

Entre as vantagens apontadas por Alberto Filho do uso do CLT, que pode ser destinado para paredes, lajes de pisos e de coberturas, estão a industrialização e precisão, geração zero de resíduos durante a construção, possibilidade de uso de tecnologia de processo CAD/CAM, ou seja, o que é desenhado é produzido, evitando erros durante a manufatura. “Os projetos em CLT também podem ser construídos em software BIM e os painéis podem ser transferidos do modelo 3D para o corte e usinagem no pórtico CNC”, explicou.

São apontadas ainda como vantagens do uso desse material a alta precisão de elementos, o cronograma assertivo de obra, a previsibilidade dos custos e a liberdade arquitetônica para os projetos.

No portfólio de cases da Crosslam estão a quadra coberta do Colégio Concept feita em MLC e CLT, montada em apenas sete dias. Outro projeto foi o da Pousada Vik José Ignácio no Uruguai com uma área construída de 1800 m² em seis meses e fachada em eucalipto. Já a Laje Yucá, projeto do escritório de arquitetura MKT27, permitiu a construção de 200 m² com cinco placas de CLT medindo 2,90m x 14 m de comprimento. O próximo desafio da empresa será a construção do um edifício térreo mais cinco pavimentos.

Componentes

Para atender esse mercado crescente do uso da madeira na construção civil, o mercado nacional já pode contar com acessórios desenvolvidos especificamente para os sistemas construtivos em madeira. É o caso dos parafusos de fixação. De acordo com Renan Dias da Luz, da Rothoblaas, são produtos pensados para esse tipo de obra, o que contribui para a agilidade e qualidade final da obra.

“A ponta do parafuso é como uma broca para facilitar a entrada na madeira e não ser necessário o pré-furo, além de possuir um entalhe. O que dá a rosca é a própria madeira”, exemplifica.

Evento

O encontro promovido pelo Núcleo da Madeira continua até quarta-feira (12).

Dividido em cinco módulos temáticos, a programação do evento conta com a participação de representantes das indústrias de madeira e da construção, do terceiro setor, do poder público e da academia.

Também fazem parte da programação as ações já em desenvolvimento no Brasil, entre elas, a experiência da exploração de florestas plantadas por pequenos produtores e serrarias, a geração de valor para florestas plantadas, as iniciativas de produção de CLT, o uso de sistemas construtivos em madeira para habitações sociais com a apresentação do case do premiado projeto Moradas Infantis.

Além das palestras, será possível escolher entre duas opções de visitas guiadas que serão realizadas na manhã do dia 12: Museu do Futebol Mauro Munhoz ou Jd. Vitória Régia Zanine.

O evento conta com o patrocínio do WWF-Brasil, além dos patrocinadores do Núcleo Sayerlack, Montana Química, Berneck e Tecverde. Apoiam a realizam do ciclo de palestras o Sinduscon-SP, a Faap e o IPT.

Por Juliane Ferreira para o Portal Madeira e Construção (A jornalista viajou a convite do Núcleo da Madeira)