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Brasileiros são os que mais procuram por produtos com certificado florestal

Pesquisa apresentada pelo Forest Stewardship Council (Conselho de Manejo Florestal) mostra que os consumidores do país estão dispostos a pagar mais caro por produtos com certificado de bom manejo florestal
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O consumidor brasileiro está entre os mais dispostos a colocar a mão no bolso e pagar mais caro por produtos florestais certificados. É o que aponta o resultado de uma pesquisa apresentada no mês passado pelo Forest Stewardship Council (Conselho de Manejo Florestal) durante a oitava edição da Assembleia Geral da organização não governamental.

O FSC, na sigla em inglês, encomendou à consultoria GlobeScan um estudo sobre a marca em 13 diferentes países. A intenção era escanear as características e as necessidades desses mercados. O resultado apresentado pelo diretor executivo Eric Whan, em 11 de outubro, em Vancouver, mostra que o Brasil e a Indonésia são os que têm maior inclinação a comprar produtos de origem responsável, ou seja, que não agridam o meio ambiente. E ambos também lideram o ranking mundial do desmatamento.

Questionados se investiriam dinheiro em artigos certificados, 40% dos entrevistados responderam que sim, com certeza, e 33% disseram provavelmente sim, totalizando 73%. A pesquisa on-line, dividida em diferentes painéis nacionais de apuração, consultou 10.435 pessoas no Brasil, na China, na Itália, na Indonésia, na África do Sul, na Índia, na Alemanha, no Reino Unido, na Austrália, nos Estados Unidos, no Canadá, na Rússia e no Japão. Em números gerais, a pesquisa indicou que 25% dos consultados comprariam produtos responsáveis e 32%, provavelmente. Além disso, aferiu que 48% conhecem e estão comprometidos com o FSC.

Diretor-geral do sistema de certificação com mais credibilidade no mundo, Kim Carstersen confirma que o Brasil e a Indonésia estão no radar do FSC. “Temos áreas difíceis. A Amazônia, por exemplo. Existe muita madeira ilegal saindo dali. O mesmo ocorre na bacia do Congo, na África, e na Indonésia”, disse.

Para Kim Carstersen, a instabilidade política é um dos principais adversários no combate ao desmatamento ilegal. “O Brasil é um país muito importante para o FSC. Temos muitas empresas certificadas, uma boa aliança com a indústria de plantação no Brasil. Temos também áreas certificadas na Amazônia. A confusão política, a corrupção, torna tudo muito mais difícil. É um desafio lidar com tantos interesses. A nossa estima é sempre pela legalidade”, reforçou.

Diretora do FSC Brasil, Aline Tristão Bernardes denuncia que “80% da madeira nativa hoje no mercado brasileiro são ilegais. Os madeireiros da Amazônia que fazem certinho, que pagam impostos, que se enquadram na questão do trabalho justo, digno, não conseguem competir. Por isso exportam tudo”, argumentou.

SELO

Embora a pesquisa tenha detectado o aumento do interesse por produtos certificados, o selo impresso na embalagem não é a prioridade do consumidor. “Uma das conclusões é que os principais motivos da compra de produtos florestais são a qualidade, a certeza de que as florestas estão sendo manejadas de forma responsável e, por último, razões de saúde. Isso ao menos significa que o manejo florestal faz parte da equação de valor”, ponderou o diretor-executivo da consultoria GlobeScan, Eric Whan, responsável pelo levantamento.

A amostra também indica que o consumidor tem expectativa sobre questões relacionadas com a proteção das florestas, quer informações sobre sustentabilidade e cobra que a certificação seja realizada por organizações independentes. O selo de certificação pode ser visto, por exemplo, nas embalagens de suco e de leite na geladeira do consumidor. Quando ele aparece, significa que a empresa cumpriu os requisitos necessário.

A pesquisa do FSC detectou o aumento do interesse por produtos certificados, mas também acusou um problema: a comunicação com o consumidor. São recorrentes as reclamações da poluição de informações nas embalagens. O estudo identificou que apenas metade dos entrevistados viram a etiqueta FSC e apenas 15% disseram confiar que a ONG protege as florestas.

PIONEIRO

Criado em 1993, o FSC é o principal e mais antigo sistema de certificação de manejo florestal do mundo. Dividida em três câmaras — econômica, ambiental e social — a ONG avalia em 10 itens se a gestão das florestas é ambientalmente adequada (protege e conserva área de proteção e florestas de alto valor de conservação); socialmente benéfica (respeita os direitos dos trabalhadores das comunidades locais e dos povos indígenas); e economicamente viável (constrói mercados adicionando valor e criando um processo equitativo aos benefícios da certificação).

 

Panorama nacional e internacional
Atualmente, o Brasil tem 6.285.838 de hectares certificados na modalidade de manejo florestal e envolve 114 operações, entre áreas de florestas nativas e plantadas. Está no sétimo lugar no ranking total do sistema FSC. Na modalidade de cadeia de custódia — indispensável para evidenciar junto aos consumidores finais a proveniência florestal dos produtos certificados —, o país conta com aproximadamente 1.024 certificados. No mundo, são 195.749.313 de hectares certificados em 84 países diferentes, sendo 33.269 no critério cadeia de custódia em 120 nações.

Fonte: Madeira Total