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Arquiteta fala sobre os desafios da construção com madeira no Brasil

Palestra fará parte da programação do 4º Simpósio Madeira & Construção
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Com uma experiência de 30 anos na área de projetos e construção com madeira, a professora do Instituto de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (IAU-USP) Akemi Ino já enfrentou muitas barreiras e dificuldades para disseminar a madeira como material construtivo. Ao longo dos anos, ela desenvolveu inúmeras pesquisas na área e trabalhou para quebrar o preconceito que existe em torno da madeira, tentando mostrar o quão valiosa é esta matéria-prima e o potencial excepcional que tem. Para ela, a madeira é uma das melhores opções pra construção civil e, por isso, o seu uso precisa ser incentivado. Para sensibilizar os profissionais e estudantes para a dimensão da importância do material, a professora fará a palestra de abertura do 4º Simpósio Madeira & Construção, que acontece entre os dias 20 e 21 de setembro, no auditório do Centro de Ciências Florestais e da Madeira (Cifloma), localizado no campus Jardim Botânico da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

“Vou contar a minha experiência, a experiência de pesquisar madeira e de fazer projetos utilizando esse material. Também vou falar sobre os sucessos e os insucessos, mostrando que este é um campo desafiador e bastante atual. Quando comecei a trabalhar nesta área, dizia que a madeira era o material do futuro. Agora, tenho certeza que esse é o material do presente e, de fato, o planeta e a construção civil precisam marcar presença com esse material. Vou mostrar minhas pesquisas e intervenções, as ações na realidade social. Quero incentivar os estudantes e profissionais e mostrar que vale a pena enfrentar os desafios para utilizar a madeira, pois o mercado e a sociedade necessitam disso”, destaca.

Para que a madeira se torne mais popular, Akemi afirma que é preciso continuar o trabalho de incentivo, pois o mercado de construção ainda está preso aos velhos paradigmas da construção, ao método convencional. A professora ressalta que o objetivo dela não é tirar o concreto, o aço ou o cimento da construção, mas, sim, mostrar a opção mais positiva, para que todos possam compreender essa mensagem. Segundo ela, especificar madeira e seus derivados nos projetos é uma forma de inovação, pois inovar é aplicar o que existe de mais tecnológico no mundo e que pode trazer grandes contribuições para o mercado e também para o meio ambiente.

Para isso, ela reforça que os profissionais que especificam a madeira precisam ter conhecimento, segurança e garantia de que o material é realmente viável, e isso exige formação mais consistente. De acordo com a professora, os estudantes estão sentindo falta desse tema nas universidades, já que a informação hoje é muito acessível. Ela comenta que os acadêmicos estão atentos às mudanças tecnológicas, às mudanças climáticas etc e acompanhando o que está acontecendo nos países desenvolvidos e a forma como as escolas de Arquitetura e Engenharia estão encarando toda essa discussão.

“Acredito que estamos prestes a dar um salto, pois os estudantes estão se esforçando para serem profissionais aptos a projetarem com madeira. Também existe muito preconceito com relação à madeira. Mas nós, que temos o conhecimento, precisamos disseminá-lo, divulgar a viabilidade real, e os estudantes estão precisando disso e estão pedindo. Precisamos mostrar que existe tecnologia e que pode especificar a madeira, sim. Que é um material seguro, desde que se tenha controle da execução e da especificação. Por isso o conhecimento é fundamental”, comenta.

Ainda segundo Akemi Ino, outro desafio para que o tema possa avançar é fazer a integração da cadeia como um todo: o setor produtivo precisa pensar em florestas para o uso na construção civil, produzindo madeira que atenda às exigências de qualidade para esse fim; e o segmento acadêmico precisa formar profissionais em todas as áreas, desde o manejo florestal e plantio até o processo de produção na serraria. De acordo com a professora, um grande problema é que muitas vezes os arquitetos e engenheiros especificam a madeira, mas não encontram produto de qualidade ou mão de obra especializada. Por isso ela sugere que deve haver uma “integração total”.

“Não é um desafio simples, mas acho que estamos caminhando. Temos uma base, agora precisamos dar outro passo para o uso da madeira. Por isso, ter um evento como o Simpósio Madeira & Construção é fantástico, essencial e imprescindível. O estado do Paraná está à frente de qualquer outro Estado nessa discussão. Em São Paulo, por exemplo, o setor industrial não está organizado, enquanto que o Paraná está organizado e pensando em ações. Esse encontro é uma excelente oportunidade para todos, porque não fica focado somente nos acadêmicos discutindo o ideal, mas reúne profissionais e também o mercado, o que é uma excelente e necessária articulação. Fiquei muito honrada em ser convidada a participar”, completa.

Serviço

4º Simpósio Madeira & Construção
Data: 20 e 21 de setembro
Local: Auditório do Cifloma – campus Jardim Botânico da UFPR – Av. Prefeito LothárioMeissner, 632 – Jardim Botânico, Curitiba (PR)
Informações e inscrições: www.expomadeira.com.br/